quinta-feira, 21 de julho de 2011

CIGANO PABLO




Quando vivo, chefiava uma tribo de ciganos que na maior parte do tempo acampava pelas terras de Andaluza, como na tribo as tradições eram passadas de geração para geração e de pai para filho, herdou a chefia da tribo ainda jovem de seu pai.
Aprendeu tudo que era necessário aprender com os antigos da tribo, que para os ciganos, são as pessoas mais sábias sobre a face da terra.
Durante o tempo em que chefiou a tribo sempre recorria a eles em busca de sabedoria para solucionar problemas ou quando tinha dúvidas ou quando necessitava tomar qualquer decisão que fosse de maior responsabilidade, nunca gostou de tomar qualquer decisão, sem antes consultar a sabedoria dos antigos.
Quando nasceu, foi prometido como todos os ciganos a filha de um dos ciganos da tribo, crescerão juntos e aprenderão a gostar um do outro e assim foi até atingirem a idade necessária para contraírem o matrimônio, enquanto isso aprendeu com os antigos, todos os truques e todas as magias ciganas.
Tornou-se um grande conhecedor de magias e adquiriu um pouco da sabedoria dos antigos.
Chegada à época das núpcias, se casaram aos quinze anos de idade, e aprenderam juntos como liderar a  tribo.
Tiveram três filhos homens.
Segundo a tradição todos foram prometidos e assim seguiram o mesmo caminho, com muita alegria e muita fartura.
Trabalhavam arduamente cada um em seu ofício em prol da coletividade.
Com os filhos crescendo e a  felicidade a largos passos, começaram os problemas, o  primogênito, ao qual cabia substituir o pai na liderança da tribo, resolveu rebelar-se contra a  tradição, não querendo aceitar o acordo de núpcias feito entre as famílias,  causando um conflito na tribo, como se não bastasse, resolveu envolver-se com outras moças da tribo, causando o desagrado de todos os homens que já estavam como ele prometidos a essas moças, até que seus atos o levaram a um conflito direto com um dos jovens da aldeia, e pelas leis da tribo, levaram a um duelo pela honra.
O Cigano Pablo já sabia de antemão como terminaria esse duelo, pois, com a sua revolta, o  filho não quis aprender com ele a arte de duelar, com isso encontrava-se despreparado para o duelo.
Pablo com grande dor no coração por se sentir impotente em relação ao fato e também obrigado  a  fazer que a lei da tribo fosse cumprida (essa lei nunca havia sido utilizada na tribo).
Tornou-se introspectivo e voltou-se para os antigos em busca de consolo. Sabendo os antigos pelo grande amor que nutria por seu primogênito, mostraram que havia uma maneira não muito ortodoxa de poupar o seu filho da morte certa, porém, sendo um bom lutador e tendo o conhecimento da magia do duelo, sabia também que não deveria vencer o jovem.
Pablo assumiu o lugar de seu filho (deveria morrer em seu lugar).
E assim ele o fez, morreu pelas  mãos de um jovem cigano irado com o fato do seu filho ter desonrado a sua prometida:
"...deixei em desgraça uma jovem mulher e três filhos rezando a Santa Sara para que cuidasse de todos.
Durante o tempo que me foi permitido velar por minha tribo e minha família, fiquei ao lado de todos tentando colocar algum juízo na cabeça de meu filho, esperando que depois do fato acontecido ele resolvesse aceitar o seu destino, mesmo depois de tudo o que fiz, esse meu filho ainda se rebelou com o que fiz, continuou em sua busca de algo que nem ele sabia o que era.
Nessa sua busca desse algo, foi levando em seus passos o meu segundo filho, que sem o pai, estava completamente envolvido pelo irmão mais velho, tentei de todas as maneiras que pude e me foi permitido, influenciar ao primogênito o sentido de dever, não conseguindo meu intento e vendo que o meu tempo estava se escoando, fiz o que qualquer pai amoroso faria, mudei o meu objetivo para o segundo filho, que com mais jeito que o mais velho aceitou tudo o que eu pude passar para ele.
Descobri então que com o segundo filho, tudo era mais fácil, pois, este já trazia de berço todos os dons que me foram passados por gerações, então investi neste, sempre com o intuito de regenerar o mais velho, indicando ao mais novo o caminho dos antigos, fiz com que este filho conseguisse com o seu carinho trazer o mais velho de volta, pois o segundo filho mostrou-se mais sábio que o pai e abrindo os olhos do primeiro filho o trouxe para o seio da tribo.
Depois de regenerado o meu primeiro filho retomou o seu lugar na tribo, ocupou o meu lugar, o qual o meu segundo filho controlou com muita sabedoria, ate a volta do irmão.
Ai eu pude seguir o meu caminho no astral até o dia em que pude tornar a encontrar a minha amada, e voltar a montar a minha tribo no astral..."
Autor desconhecido